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Especializada na especificidade e exigências do público infantil, a XSDESiGN presta um serviço de Comunicação Visual de qualidade e responsável ao nível social e profissional.
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quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

«Cor-de-rosa é um vermelho muito devagar»[1]



Grafismo para crianças: função e simbologia
in marketteer Nov. 2007

Projectar para crianças não é uma tarefa trivial. Envolve a compreensão dos modelos mentais das crianças.
Sabemos como os ícones e metáforas, frequentemente dependem de uma profunda base de conhecimento e contexto cultural. Os ícones podem também ser distanciados “da coisa física” que representam, dependendo do conhecimento de artigos e processos relacionados.

O que vários estudos concluíram que, a melhor forma de projectar interfaces para crianças, é aproveitar a sua colaboração passo a passo. A integração do utilizador, no processo de criação de um produto orientado para crianças, aproxima-nos do seu esquema mental.
Como tal é-nos importante entender melhor a morfologia e a linguagem gráfica que as caracterizam, no sentido da identificação com a criança.

O uso da Cor
Embora conscientes da subjectividade de qualquer conclusão referente à cor, concluímos que um produto dirigido a crianças deve ser colorido com cores vivas, contrastadas e luminosas.
A utilização predominante do azul, vermelho, amarelo e verde parece benéfica pelo contraste entre si. Vejamos o exemplo da LEGO e o sucesso do DUPLO.
O contorno a preto, bem marcado, atrai a criança, até porque aviva as outras cores e evita a contaminação entre elas.

Não estamos com isto a preterir as outras cores, mas devem ser usadas com algum cuidado.
O cor-de-laranja (que associa a energia do vermelho e a felicidade do amarelo), pela sua energia e calor, é das cores mais indicadas para crianças mas implica um cuidado maior em relação ao seu contraste.
Já o roxo deverá ser usado com muita precaução. É uma cor mística e nostálgica que cria um afastamento na criança. Não obstante, se for utilizado de uma forma luminosa é passível de ser usado. Aliás podemos comprovar que numa caixa de lápis de cor, o roxo e o castanho, são normalmente as cores menos utilizados pelas crianças.
Devemos sempre evitar as sombras com cores “sujas” que transmitem sentimentos menos positivos.

As cores podem induzir efeitos psicológicos[2]:
Azul: harmonia, serenidade
Vermelho: entusiasmo
Amarelo: alegria
Verde: apaziguamento, repouso
Laranja: estímulo
Branco: calma, perfeição
Roxo: ansiedade, misticismo, sonho
Cinzento: tristeza
Preto: desgosto

A utilização da cor atrai a criança, mas não devemos cair no excesso para não criar ruído e cansaço visual. Devemos fazer uso da cor de uma forma cuidadosa e inteligente para ajudar a criança na compreensão dos conteúdos e no seu desenvolvimento.


AS FORMAS[3]
Na comunicação visual com crianças, é preferível, tanto quanto possível, a utilização de formas geométricas regulares, porque inspiram ordem e estabilidade.
Quadrado: colocado sobre uma das faces evoca estabilidade, regularidade, robustez, mas também rigidez. Colocado sobre um dos vértices, traduz instabilidade.
Triângulo: é uma das formas mais agressivas que sugere movimento e ligeireza. Equilíbrio e moderação estão associados ao triângulo equilátero.
Rectângulo: é elegância e dinamismo.
Círculo: forma pontual evoca perfeição, a contenção e a atenção do espectador.
Losango: elegância, bom gosto e masculinidade.
Oval: traduz a distinção, a agilidade e a feminilidade.

Devemos ter especial atenção às formas angulosas, pois embora traduzam energia e acção, também transmitem agressividade. Reforçamos a importância do contorno, a preto, ajuda a criança a distinguir as formas e avivar as cores. No entanto este contorno deve ser expressivo, se pretendemos que a imagem seja forte. Uma linha fina sugere delicadeza.

Salientamos a importância da animação para a criança, a atenção despertada pela cor, a forma e a linha podem ser acentuadas pela impressão de movimento, que pode ser dado por uma sequência de desenhos, imagens ou textos.

É praticamente impossível projectar, para crianças em geral, temos de definir bem a faixa etária a que nos vamos dirigir, bem como o seu patamar cognitivo. Em cada fase de crescimento, a criança tem diferentes faculdades e capacidades para resolver problemas bem como níveis de concentração.

Crianças com menos de 8 anos, que geralmente não pensam em termos abstractos, acham mais fácil reconhecer imagens reais dos objectos em vez de símbolos que os representem. É importante ser o mais concreto possível quando lhes damos informação. Assim, tendo em conta que a criança vê o mundo em termos mais concretos, os ícones devem reflectir isso, ser o mais concretos possível. (ver “Interfaces[4] iconográficas para Crianças” pag.??)

“ Os botões devem representar formas familiares à criança, transmitindo facilmente o seu objectivo. Devem ser grandes o suficiente, para facilitar a coordenação mão-olho e reagirem quando o rato passar por cima, por exemplo mudar de cor.” [5]Ou fazer um som.

As crianças em idade pré-escolar têm a atenção orientada durante pouco tempo. Entre os 3 e os 5 anos de idade, a capacidade de memorizar as tarefas é, sensivelmente, de 1 dia, e a capacidade de atenção e concentração é de 8 a 15 minutos. Logo o layout e os conteúdos devem ser de rápida acessibilidade.

“(…)O melhor do mundo são as crianças(…)[6] ”, já dizia o poeta. E o que têm de bom têm de complexo, no que diz respeito à criação de interfaces. A iliteracia é um dos factores mais abrangentes e mais apaixonantes do ponto de vista de um designer. A comunicação por imagens, ícones, sons, cores transporta-nos para uma linguagem verdadeiramente multimédia num exercício de retrocesso, análise e observação. Não podemos deixar de ter as próprias crianças como companheiros neste exercício, só elas nos darão o feedback mais genuíno, implícito na sua natureza.

Mariana de Almeida Mattos - mariana@xsdesign.pt
Designer de Comunicação Visual


[1] Maria, 3 anos
[2] Montigneaux, Nicolas, 2002 Público-alvo: crianças - A força dos personagens e do marketing para falar com o consumidor infantil p.262;
[3] Montigneaux, Nicolas, 2002 Público-alvo: crianças - a força dos personagens e do marketing para falar com o consumidor infantil p261;
[4] Substantivo feminino; modalidade gráfica de apresentação dos dados e das funções de um programa; (De inter-+face, pelo ing. interface
[5] Hanna, Risdan, Czerwinski, & Alexander, 1998.

[6]Fernando Pessoa in Liberdade; 16/03/1935

2 comentários:

Unknown disse...

Olá... Sou Danila Ribeiro, estudante do Curso de Mídias Digitais da universidade Metodista de São paulo - Brasil. Estou a fazer uma monografia que diz respeito a Design de interfaces para crianças e estou cá neste Blog encontrando muita referencia para meu trabalho. Fico agradecida por encontra-los e por ter encontrado material para meu trabalho.
Acompanho sempre este blog!
Um grande abraço, desde Brasil!

XSDESiGN disse...

Olá Danila
Obrigada pelas suas palavras!
Gostaria de saber novidades sobre o seu trabalho e é bom saber que se ajuda alguém.

Se eventualmente tiver algum artigo que gostasse de ver publicado no BLOG, por favor não hesite em enviar-me.
Um abraço XL ;)